Seus olhos castanhos



Eu sonhei com você, mais especificamente com seus olhos grandes e castanhos. Ele me falava que sentia saudades. Saudades de acordar e perceber que há alguém para abraçar. Saudades de perceber que ao acordar já havia olhos famintos a te observar. Saudades da boca que lhe pronunciava "bom dia amor". 
E ao decorrer do sonho eu lhe dizia que a saudade é reciproca, já que eu demorei muito para aprender a dormir só, mas se for para desaprender nada melhor que seja com o corpo que eu sei de cor e salteado cada pinta. Sei te dizer exatamente o que eu sinto falta de morder. E no subconsciente de seus músculos eles sentem falta também. Seus olhos me diziam que a cada dia que se passa ele sem querer tem medo de nunca mais encontrar alguém disposta a lhe amar na mesma intensidade daquela "louca" "maluca" que a cada sorriso seu , os olhos brilhavam entregando a que você era o amor que ela sempre esperou e leu nos seus contos.

 "Aquele príncipe plebeu não existe mais" disse seus olhos. E aquele sonho passou para cada playback de cada vez que eu pronunciei "te amo para sempre". É ali no meio da escuridão fitando aqueles olhos grandes e castanhos notei que realmente será para sempre. De todas as cicatrizes que meu coração possui a maior delas tem seu nome em uma placa, ali diz o número de dias que levou para sutura-la. Só que ao toca-lá percebo o quão mal ela foi fechada, em seus espaços mal feitos se ouve escoar seu nome, automaticamente uma lágrima se esvai. Claro que a sutura é mal feita, ela teve que ser feita às pressas e sem nenhum tipo de anestesia, lembro-me de ter tomado algumas doses de tequila, mas mesmo assim cada ponto foi sentido. Agora recordo-me de que a pressa da sutura for por conta de vê-lo amando uma indigna de seus olhos e sorriso.

Seus olhos agora me dizem minutos antes de me despertar que nunca houve amor com aquela que se prontificou a te fazer feliz. Que ali houve uma urgência em buscar um analgésico para sua vida solitária, quando você se viu só e o mundo inteiro nas suas costas, você precisou de alguém nas suas noites de frio. Que a cada noite com ela o seu corpo fingia ser outra pessoa conhecida por anos para que seu cérebro parasse de remoer suas feridas. E que a cada sonho projetado pelo seu subconsciente fazia que a fofoqueira da sua boca chamasse pelo nome de quem o escreve.